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A construção de uma Base Nacional Comum Curricular passou por várias etapas ao longo dos anos. Não foi um documento que surgiu do nada. Entenda agora o histórico da BNCC e qual é a sua importância.

Percurso histórico e legal

A história oficial da BNCC começa em 1988, com a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil. Ela prevê, em seu artigo 210, a Base Nacional Comum Curricular:

Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais.

Outro documento normativo que indicou a necessidade de construção de uma base nacional comum foi a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/1996). Em seu Artigo 26, regulamenta uma base nacional comum para a Educação Básica.

Art. 26.  Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos.

Em 25 de junho de 2014 é regulamentado o Plano Nacional de Educação (PNE) do decênio de 2014-2024, pela Lei nº 13.005. O Plano apresenta 20 metas visando a melhoria da qualidade da Educação Básica, sendo que 4 destas metas falam sobre a Base Nacional Comum Curricular.

7.1) estabelecer e implantar, mediante pactuação interfederativa, diretrizes pedagógicas para a educação básica e a base nacional comum dos currículos, com direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos (as) alunos (as) para cada ano do ensino fundamental e médio, respeitada a diversidade regional, estadual e local;

A 1ª versão da BNCC

Organizada pelo Fórum Nacional de Educação (FNE), em 19 e 23 de novembro de 2014 é realizada a 2ª Conferência Nacional pela Educação (Conae). Ela resultou em um documento sobre as propostas e reflexões para a Educação brasileira. Portanto, é considerada um importante referencial para o processo de mobilização para a Base Nacional Comum Curricular.

Leia e saiba também:O que é a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)?

Finalmente, entre 17 a 19 de junho, acontece o I Seminário Interinstitucional para elaboração da BNC. “Este Seminário foi um marco importante no processo de elaboração da BNC, pois reuniu todos os assessores e especialistas envolvidos na elaboração da Base. A Portaria n. 592, de 17 de junho de 2015, Institui Comissão de Especialistas para a Elaboração de Proposta da Base Nacional Comum Curricular” (fonte: http://basenacionalcomum.mec.gov.br/historico) .

Somente em 16 de dezembro de 2015 foi disponibilizada a 1ª versão da BNCC. Este documento ficou disponível para consulta pública, leitura e análise da população. Teve 302 páginas e está muito diferente da versão atual da BNCC. Clique aqui para conferir a 1ª versão.

A 2ª versão da BNCC

Em 3 de maio de 2016 a 2ª versão da BNCC é disponibilizada. O documento teve 652, com uma estrutura mais semelhante ao documento atual. Clique aqui para conferir a 2ª versão.

Entre 23 de junho a 10 de agosto de 2016 aconteceram 27 Seminários Estaduais, promovidos pelo Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). Estes encontros tiveram a presença de professores, gestores e especialistas para debater a segunda versão da BNCC. E ainda em agosto começou a ser redigida a 3ª versão da BNCC em um processo colaborativo, tomando como base a 2ª versão do documento.

A 3ª e última versão da BNCC (a atual de 2018)

Após um ano, em abril de 2017, o MEC entregou a versão final da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) ao Conselho Nacional de Educação (CNE). Em 20 de dezembro de 2017 a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) foi homologada pelo ministro da Educação, Mendonça Filho. No entanto, a parte homologada do documento correspondia somente às etapas da Educação Infantil e Ensino Fundamental. Logo, a parte do Ensino Médio ainda não havia sido homologada, as discussões ainda existiam.

Dois dias depois, em 22 de dezembro de 2017, o CNE apresentou a RESOLUÇÃO CNE/CP Nº 2, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2017, a qual institui e orienta a implantação da Base Nacional Comum Curricular. Esta resolução traz o coração da BNCC. Clique aqui para ler.

Somente em 02 de abril do ano de 2018 que o Ministério da Educação entregou ao CNE a 3ª versão da BNCC do Ensino Médio. A partir daí o CNE iniciou um processo de audiências públicas para debatê-la.

Em 02 de agosto de 2018, escolas de todo o Brasil se mobilizaram para discutir e contribuir com a BNCC desta etapa da educação básica. Foram criados comitês de debates com profissionais da educação e formulários onlines foram preenchidos.

Finalmente, em 14 de dezembro de 2018, o ministro da Educação, Rossieli Soares, homologou o documento da Base Nacional Comum Curricular para a etapa do Ensino Médio. A partir desta data, o Brasil tem uma Base com as aprendizagens previstas para toda a Educação Básica.

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Governo Temer e reformas educacionais

Durante o processo de construção da 3ª versão da BNCC, o país efervesceu em discussões sobre as mudanças trazidas pela BNCC. Em decorrência do processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff pelo Senado Federal, o país também mergulhou em debates políticos. O país passava pela transição do governo Dilma para o governo Temer.

O governo Michel Temer teve início no dia 12 de maio de 2016, quando ele assumiu interinamente o cargo de presidente da República Brasileira. Posteriormente, assumiu o cargo de forma definitiva em 31 de agosto do mesmo ano, onde ocupou até o dia 1º de janeiro de 2019.

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O presidente Michel Temer sanciona a reforma do ensino médio, em cerimônia no Palácio do Planalto

No ato de posse, Temer afirmou que seu governo seria um governo reformista. Em 22 de setembro de 2016 Temer apresentou a maior proposta de reforma educacional em duas décadas. Foi durante seu governo que aconteceu a reforma do ensino médio e com o estabelecimento da Base Nacional Comum Curricular.

Mas é importante enfatizar que a homologação da Base Nacional Comum Curricular não foi uma política do governo Temer. E sim, fruto do trabalho dedicado e intenso de equipes formadas pela Secretaria de Educação Básica e Ministério da Educação ao longo dos anos.

Leia e saiba também:O que é a Base Nacional Comum Curricular (BNCC)?

Documentos curriculares anteriores

Nesse meio tempo, entre a Constituição Federal de 1988 e a data da homologação da versão final da BNCC, outros documentos curriculares foram construídos no intuito de embasar os currículos de toda educação básica.

1- Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs): documentos elaborados pelo MEC em 1997 e não obrigatório, para o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Trouxe a organização do tempo escolar em ciclos. São documento orientadores e foram apontados como referenciais de qualidade para a educação brasileira. Foram feitos para auxiliar as equipes escolares na execução de seus trabalhos, sobretudo no desenvolvimento do currículo.

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2- Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI): documento elaborado em 1998 pelo Ministério da Educação e do Desporto, integrando a série de documentos dos Parâmetros Curriculares Nacionais. Referia-se às creches, entidades equivalentes e pré-escolas, ou seja, Educação Infantil. O Referencial é “um guia de orientação que deverá servir de base para discussões entre profissionais de um mesmo sistema de ensino ou no interior da instituição, na elaboração de projetos educativos singulares e diversos (BRASIL, 1998).

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3- Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCNEB ou DCNs): são normas obrigatórias para a Educação Básica que visaram orientar o planejamento curricular das escolas e dos sistemas de ensino. As DCNs são um conjunto de definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimentos na Educação Básica que orientam as escolas na organização, articulação, desenvolvimento e avaliação de suas propostas pedagógicas. Sua versão plena para todas as etapas e modalidades da educação básica foi fixada em 30 de janeiro de 2012.

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A BNCC não substitui os documentos orientadores de currículos construídos anteriormente

Todos estes documentos não foram abolidos ou excluídos após a BNCC, como se a Base viesse engolindo todos eles. São documentos orientadores que ainda são válidos e utilizados por redes e sistemas de ensino para embasar seus currículos. No entanto, a Base Nacional Comum Curricular é um documento de caráter normativo e é referência obrigatória nacional na construção dos currículos.

Resumindo, a BNCC não engole todos os documentos orientadores de currículos construídos anteriormente. No entanto, é a estrela da vez! Os sistemas e redes de ensino devem, obrigatoriamente, tomar como referência principal a BNCC em seus currículos e nas propostas pedagógicas das instituições escolares. Por exemplo, um município pode tomar como referência a BNCC e as DCNs em seu currículo, mas não pode se referenciar apenas às DCNs e ignorar a BNCC.

Leia e saiba também:O que são campos de experiências?

A importância e o papel da BNCC para a educação

A Base Nacional Comum Curricular é um documento de caráter normativo, ou seja, tem peso de lei. Ela define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os estudantes devem desenvolver ao longo da educação básica. Além disso, é referência obrigatória nacional na construção dos currículos. Aplica-se à educação escolar pública e privada.

Ao definir aprendizagens essenciais, a BNCC traz a importância de se garantir como direito de crianças, jovens e adultos, as mesmas condições de aprendizagem e desenvolvimento, independente da região de cada escola. Pelo menos é este seu objetivo: ser balizadora da educação ofertada aos estudantes de todo o Brasil.

“aprendizagem de qualidade é uma meta que o País deve perseguir incansavelmente, e a BNCC é uma peça central nessa direção, […] a Base é um documento completo e contemporâneo, que corresponde às demandas do estudante desta época, preparando-o para o futuro.” (BRASIL, 2018, p. 5).

Na Resolução nº 2 de 22 de dezembro de 2017, a qual institui e orienta a implementação da Base Nacional Comum Curricular, diz no artigo artigo 5º:

§1º A BNCC deve fundamentar a concepção, formulação, implementação, avaliação e revisão dos currículos, e consequentemente das propostas pedagógicas das instituições escolares, contribuindo, desse modo, para a articulação e coordenação de políticas e ações educacionais desenvolvidas em âmbito federal, estadual, distrital e municipal, especialmente em relação à formação de professores, à avaliação da aprendizagem, à definição de recursos didáticos e aos critérios definidores de infraestrutura adequada para o pleno desenvolvimento da oferta de educação de qualidade.

Nesse sentido, a BNCC desempenha papel fundamental no contexto da educação brasileira. Ela é quem deve, agora, fundamentar a concepção, formulação, implementação, avaliação e revisão dos currículos e propostas pedagógicas. Ela explicita as aprendizagens essenciais que todos os estudantes devem desenvolver, visando a igualdade educacional. Igualdade esta em que as singularidades dos estudantes devem ser consideradas e atendidas.

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